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31 outubro 2023

HUMANAS ou EXATAS?

 


Aprendi desde cedo a respeitar os meus pais, os mais velhos e os professores. Fui orientada a não conversar com estranhos, mas com estranhas ninguém proibiu. Felizmente (ou seria infelizmente?) ninguém tentou nada sem que eu consentisse. Nunca me assediaram, zoaram ou mesmo fizeram bulling comigo e, pelo que os professores dizerm, o mérito não é só meu, mas também da minha família. Não me lembro de ter dado trabalho a eles quando criança e não seria hoje que eu lhes daria, por isso, meninas, até vou a casa de vocês, mas dormir, durmo não. E nem perguntar aos meus pais eu pergunto se já sei a resposta. Na véspera do encerramento das aulas, por exemplo, os professores deram uma festa. Os alunos tomavam refrigerantes enquanto os professores, às escondidas, tomavam cerveja. Dona Adelaide, a professora da única matéria que poderia me reprovar, ofereceu-me seu copo. -Pode beber que ninguém está olhando, falou. - Mas eu não bebo, professora. Mas não adiantou. A danada tirou o copo da boca e o colocou na minha. - Beba, você vai gostar. E eu bebi. A professora enchia o copo dela e o meu. Ela bebia, mas eu não. Jogava no vaso de planta que tinha ali perto. A cada golada, uma ria da outra. Batiam os copos no meu e dizendo tim tim, viram tudo de uma só vez. Quando a festa acabou me ofereceram carona, e como era ela, o carrasco das exatas, concordei, mas não foi para minha casa que quis me levar, mas para a sua. Você é doida, dirigindo após beber, eu pensei em falar, mas não falei. Não sou tão corajosa quanto pareço. Na casa, onde ela morava sozinha, D. Adelaide sentou ao meu lado e, sempre com uma desculpa, tocava seus dedos em mim. Até rolar um abraço, rolou. Depois um beijo no rosto e, quando tentei levantar ela me segurou. Pediu que a perdoasse, mas, ela precisava que eu ficasse mais um pouco com ela. O risco era imenso, não por conta do que ela ameaçava fazer, mas pelo que eu estava sentindo. Todos os pelos do meu corpo estavam alerta e na hora que tocou minhas coxas foi como se a luz apagasse. Não vi mais nada. Na primeira oportunidade eu fugi. Parei um táxi e nem olhar para trás eu olhei. Felizmente não precisei dos pontos que faltavam porque estudei. Estudei muito para na hora da prova não me estressar. Pedi ao meu pai para o ano seguinte ele me trocar de colégio, e ele atendeu.

Um comentário:

A Casa Madeira disse...

Olá...
Obrigada por sua presença lá na casa, eu não costumo
deixar ninguém que vá me visitar sem resposta;
Esse relato é bem complicado e tem muitas implicações que não veem ao caso
agora...
Mas se por ventura daqui pra frente ocorrer situações desconfortáveis
ouça o seu "sexto sentido"; ou seja não vá e não faça a vida é
muito boa pra ser vivida mas temos que ter de ante mão que o mundo não o é
e não está um mar de rosas. Em todos os níveis está faltando o bom senso independente de quem o seja. Há de se ter cuidado com caronas...

ARREPENDIMENTO.