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segunda-feira, outubro 21, 2024

AMIGA

 




  Eu não tenho uma amiga para chamar de minha, o que não quer dizer que não exista quem se amolde ao nosso jeito, nosso caráter e manias. Aquela que puxa a sua orelha na ora certa e te mostra as pedras no caminho que escolha para pisar seus pés. Sempre há uma melhor amiga na vida da pessoa e por que não haveria na minha? Não importa se demora ou será logo quando me levantar dessa cama. Uma amiga que chega séria, mas acaba te fazendo rir, quando você, na verdade, quer se desidratar nas próprias lágrimas. Aquela que vira à noite na sua casa ao seu lado, a que te conta os últimos babados assim que te vê. Amiga que sei que existe é tipo isso, tipo aquela que sai rindo alto no meio da rua com você procurando um buraco para se enfiar, que faz selfies contigo em lugares que ninguém faz. Àquela que primeiro te elogia para depois dizer que com o outro vestido vc fica melhor. Alguém que não te deu presente no aniversário, o que não quer dizer que não te ame, mas por esquecer ou por não ter como comprar. Amiga é quem leva um lero com o garoto que você tá afim, que te dá os melhores conselhos e que te diz se aquele garoto presta ou não. Amiga é quem te protege, que te faz dar as melhores risadas. Aquela que não larga do seu pé e que você quer ao seu lado até que os seus cabelos embranqueçam. Melhor amiga há sempre em algum lugar, não uma amiga qualquer, mas aquela que é a “melhor amiga de todo o mundo inteiro”, como li no livro de Colleen Hoover, na vida da gente. Aquela que te alegra quando você está triste, te agrada, te manda à merda quando acha que você merece, te abre os olhos em certos momentos, mas te ajuda e te ama. A amiga que você confia sua própria vida porque te ama de verdade. É essa amiga que a gente não quer perder nunca, e é a ela que a gente dá o título de melhor pessoa do “mundo inteiro”, como diz no livro. Mais que uma simples colega de escola, ela é sua amiga de verdade, sua palhaça e sua “gênia”. Mais do que uma amiga, ela é sua parceira, sua irmã. E que essa irmandade seja para vida inteira. Isso eu não li em lugar nenhum, talvez por não ter uma para que eu possa dizer isso.

quarta-feira, outubro 16, 2024

EDUCAÇÃO ZERO!

 


        — Se eu soubesse que vc ia à padaria, eu teria pedido pra trazer o jornal — disse meu pai me parando na rua. — Não seja por isso, papai, eu volto e compro para o senhor. — Bem, se vc não se importa, vamos os dois ao jornaleiro. — Meu pai colocou o braço no meu ombro e lá fomos nós, comprar o bendito jornal. Ao chegar ao quiosque, meu pai cumprimentou gentilmente o vendedor, mas este respondeu de forma grosseira e ao entregar-lhe o jornal, mal olhou para a cara dele. Pelo deixou parecer, meu pai não se importou ou não teria, sorrindo, desejado um bom final de semana para o grosseirão.
De volta a casa resolvi perguntar-lhe:
— Esse homem sempre te trata assim, papai?
— Sim, infelizmente.
— Então me explique uma coisa! Como você pode ser tão simpático com alguém tão mal-educado?
— Isso é fácil — respondeu — eu não ligo para o que ele fala porque não quero que seja ele quem vai decidir como eu deva me comportar.
Coloquei minha mão sobre a dele, no meu ombro e voltamos, do mesmo jeito que fomos, ele conversando enquanto eu, olhava o chão por onde pisava. Ele, compenetrado naquilo que ia dizendo, enquanto eu sorria aquele riso que eu nunca sei se é de orgulho ou de vaidade.

sábado, outubro 12, 2024

TODOS OS DIAS DA CRIANÇA

 


    Minha mãe diz que o bom de ser criança é que podemos ser tudo o que quisermos. Todo o tempo é mágico e maravilhoso, único, ela diria me pedindo para aproveitar todos estes momentos com a certeza de que é a melhor fase da vida da gente. 
— Sorria, agradeça, tenha fé e sabedoria, acredite em um futuro próspero, pois, ser criança é acreditar que tudo é possível.
Ser criança — mamãe continua dizendo — é ser feliz com muito pouco, é tornar-se gigante diante de gigantescos pequenos obstáculos. Ser criança é fazer amigos antes de saber o nome deles é ter liberdade para correr, saltar, brincar. Criança é um ser sensível, doce e sentimental, é o sonho que nunca se deixa de sonhar. Ser criança é a tristeza do chorar e a imensa alegria de saber sorrir. É ter esse dom imenso de perdoar mesmo a maldade que só quer magoar — Conclui segurando o meu braço com uma mão e enxugando os olhos com as costas da outra.
Pior para nós, crianças!, é o desejo de ser adulto, de ter nosso dinheiro e poder fazer com ele o que der na nossa cabeça. Ser criança — a meu ver, é sonhar com um pretendente bonito e educado que nos leve ao altar para alegria dos pais da gente. Ser criança e sonhar que o mundo pode, sim, ser da gente, desde que consigamos considerar pequenas as grandes batalhas, aquelas que só os gigantes, como os filhos pequenos acham que os seus pais são, conseguem vencer. Enfim, ser criança é viver como eu que penso, todos os dias, que tudo que sei não é nada diante o tamanho das dúvidas que o mendo me apresenta.

quinta-feira, outubro 03, 2024

O CHEFE

 


   Seu Arcanjo, morador da rua de cima, foi lá em casa com a filha conversar com meu pai. Enquanto ambos trocavam ideia, a filha foi ao meu quarto me perturbar. Com o cotovelo no batente da porta, perguntou o que eu estava fazendo. — Como vc vê, estou estudando — falei. A garota chegou por sobre o meu ombro para melhor ver o computador onde, na tela, estava escrito: “Tudo sobre o Parque Indígena do Xingu”.
— O Parque Nacional do Xingu é uma das maiores reservas indígenas da América e foi criado pela dedicação dos irmãos Villas-Bôas, Orlando, Cláudio e Leonardo — disse encostada a minha orelha. — Parece que estudou essa matéria — falei virando a cara pra fugir ao cheiro do chiclete. — Alguma coisa — ela disse — tipo assim, no passado, mais ou menos no século XIX, um Chefe, muito justo, para com as leis da aldeia, era considerado o juiz de todas as causas. Na tribo nada fugia a legalidade sem punição — dizia ela empertigada — Um dia ele foi procurado por um indígena que se queixou do desaparecimento de alguns dos seus pertences. — Mas como assim, sumidos? — perguntou o Cacique. — É isso aí, chefe. Não só eu, mas outras pessoas têm reclamado do desaparecimento de alguns pertences. O Cacique, prometendo solucionar o problema, reuniu a tribo para dizer que punirá o responsável com 20 chibatadas e como as reclamações não paravam, o Líder indígena aumentou a pena de 20 para 30, 40 e depois para 50 já que o larápio não fora encontrado. Alguns dias depois o pajé foi até o Chefe dizendo que o possível ladrão fora encontrado. — Traga-o para fazermos justiça! — Disse bastante zangado. — Todos se espantaram quando viram o larápio, quer dizer, a larápia, pois não era outra senão a mãe do Cacique que, para cumprir suas palavras, pediu que a punissem. Desceram-lhe o manto expondo as costas magras da idosa que se curvou para receber o castigo. O Cacique foi até ela, desceu o próprio manto até a cintura, abraçou-a por trás e mandou que as chibatadas fossem dadas nas costas dele.
Aquela foi a maior prova de amor e justiça que o Chefe deu ao seu povo e quem sabe a nós que fazemos questão que nos chamem de civilizados. Eu, que estava chateada com a invasão do meu quarto, estava de boca aberta com o conhecimento da invasora que saiu para atender o chamado do pai. 

sexta-feira, setembro 27, 2024

CADA UM COM O SEU CADA UM.

 


       Não vejo mal nenhum dizer que já vi algumas amigas tomando banho e até se tocando no quarto discretamente. Pelo menos a que dormiu lá em casa eu vi uma vez. Mas não disse nada. Virei para o canto e dormi. Essas coisas, tão íntimas, são problemas de cada um e eu também tenho as minhas manias. Agora, ficar me olhando trocar roupa e só para tocar as etiquetas das minhas calcinhas após vestida é demais. Pô, cara! Por que não abre logo a gaveta e vê você mesma as marcas que escolhi para comprar? Se fosse só isso, tudo bem, eu levava de boa, mas não é. Sempre tem um assunto para trocar quando vou tomar banho e se tenho pressa, aí é que o bicho pega. A pessoa entra na maior cara de pau para ficar me olhando. Falando e olhando. Olhando e falando. Agora, se eu tivesse um corpão, meus peitos fossem grandes, minhas pernas grossas e a bunda fosse duas vezes maior do que é, eu estaria roubada para não dizer coisa pior. Será que alguém acha que eu não gostar de homem e sim de mulher, quando, para falar a verdade, eu não gosto nem mesmo de mim? Isso mesmo, porque, se gostasse, eu já teria me declarado e se não o fiz, é porque eu não gosto! Eu não sou dona da razão, mas da minha vontade, sim, eu sou e com muita honra. Não proibirei ninguém de estudar la em casa e se ficar tarde, claro que dormirá, mas antes. Bem antes, uma coisa quero deixar claro: — Gente, eu não gosto de mulher, gosto de homens, pelo menos acho, pois, se precisar escolher, será para eles que aponto meu dedo.


sábado, setembro 21, 2024

JOGA BOSTA NA GENI!

 


É incorreto supor que o negro tenha orgulho de sua cor. É claro que não tem, mas negam a realidade. Falam sabendo não haver como mudá-la ou estariam se bronzeando em Ibiza. O melhor de tudo é que ninguém fica rindo dessas piadas. Já eu, fico na minha, não falo que sim, nem falo que não. Diariamente os ofendidos, quando não vão às tevês, reclamam nas redes sociais enquanto aqueles que nos discriminam ignoram. Eu também me ofendo, mas não digo nada. Não por omissão ou covardia, mas por achar que nada muda coisa nenhuma, e não seria eu quem mudaria essa peça. Atriz de papel idiota eu não sou e se não tiver outro prefiro que me tirem do filme. Jamais me orgulhei dessa cor vendo a polícia invadir ônibus, cheio de gente branca, correr os olhos e vir direto para me revistar. — Por que eu, seu polícia, é por causa da minha cor? Como faço para passar, pelos seguranças do supermercado, como fazem os brancos, sem desconfiarem de mim? Isso para não falar que, mesmo sem levantar a mão, me enxergam na multidão. Não, eu não seria a porta-bandeira desse estandarte. Deixo para quem acredita que os ouvidos surdos da lei vão ouvi-lo ou os que acreditam que o mundo sempre foi branco mudem de opinião, o que duvido muito. Não me orgulho como preto nenhum se orgulha da cor da nossa pele e se preta eu não fosse, não me orgulharia também. Cor de pele não é escolha, muito menos mérito ou o mundo não seria pintado com as cores que foi. Já pensou arco-íris em preto e branco, que beleza teria? Na minha casa, como na casa dos meus parentes, ninguém bate no peito, fica na ponta do pé, e grita pela honra da pele. Pelo menos que eu saiba. Mas, se julgar que é válido, grite. Grite que eu também vou te ouvir. (Hoje nem a cara na janela eu boto)

sexta-feira, setembro 20, 2024

E SE FOSSE COM VOCÊ?

 


     Do meu quarto, eu ouvi a empregada dizer que a enfermeira a acariciava na hora do banho. O fato ocorreu quando internada para extração da vesícula e, como é desligada, demorou a entender que carinho difere de sacanagem. — “No princípio, eu não disse nada, tive dúvidas, talvez achasse que todas as enfermeiras fossem tão carinhosas. Só percebi quando uma colega de enfermaria questionou o que eu estava fazendo ali, uma vez que, há alguns dias, estava de alta. Foi quando a ficha caiu. A enfermeira devia saber, mas, para não me perder, calou e não disse nada. Podia fazer uma queixa à direção ou denunciá-la, caso estivesse certa daquilo que fazia, mas preferi me manter calada. Não por medo de represália, mas para evitar problemas caso eu precise voltar”. — disse toda sem jeito. — Duvidando que aquilo fosse verdade, eu fui até lá. Minha mãe só me olhou, mas foi o bastante. Certamente pensando no que eu faria se fosse comigo? Não sei  eu diria. Talvez fizesse o mesmo que ela ou ficasse me perguntando se isso é errado ou não, pois, não é sempre que o poder público nos trata com dignidade ou carinho. Só espero que a empregada não volte a ser internada por esse mesmo motivo ou por outro, até porque cansei de cuidar da casa enquanto ela se “tratava” e minha mãe trabalhava.

sexta-feira, setembro 13, 2024

CIÊNCIA EXATA – 02.

 

              


          Levei um susto com minha mãe me chamando da entrada do quarto.
– Já é tarde, garota. Levanta. Você não vai à escola? – Joguei o travesseiro na porta, cobri a cabeça e voltei a dormir. Foi um custo levantar. O problema é que era prova. Prova de matemática. Felizmente a “megera” estava de férias e Thomaz, um cara bacana, ficou no lugar dela. Eu ainda estava meio para baixo, mas logo me recuperei. Até me animei ao ver que os tênis e o jeans, que uso para ir à escola, nada tinham a ver com o que eu estava sentindo.Daí a troca pelo vestido de alcinha que mamãe me deu no natal. Prendi o cabelo, passei aquela parada nos lábios, sei lá de que cor era aquele batom, pequei a mochila e vazei. Nem sei o que meu deu para essa mudança. Eu sabia que iam me zoar, mas... Minha turma era muito bagunceira, assim como eu, mas tivemos de dar um tempo por causa da chata da professora. Com ela a gente ficava pianinho, só no sapatinho. Mais parecia colégio de freiras. Já o Thomaz, esse cara era maravilhoso, não só como professor como era bonito e jovem, quase da nossa idade. Era legal ter aulas com ele. Nem parecia que "alguém" existia. Todos estavam numa boa, conversando, mas quando eu entrei, todos se viraram para me olhar. Era um tal de assoviar, me chamar de gostosa que, se eu não levantasse a mão mostrando o dedo do meio, até agora estariam me azucrinando o  juízo . De repente, assim, do nada, a sala ficou em silêncio. Mas como assim, o que a "megera" faz aqui, ela não estava de férias, e o Thomaz, cadê o Thomaz, gente? Ela entrou me olhando. Dane-se, todos já me olharam antes de você, sua vagabunda! — eu pensei. O problema é que a “vagaba” tava diferente assim como eu também estava e se já me sacanearam sendo amiga deles, imagina o que fariam com ela. Nada de conjuntinho combinando, sapato alto e cabelo preso puxado para trás, mas minissaia, sandália rasteira, cabelo pintado na cor caju, cortado na altura do ombro e os peitos quase pra fora do sutiã que certamente nem era dela, mas o primeiro que a filha ganhou, era como a professora de matemática se apresentava naquele momento. Gente, a mulher estava arrumada, eu diria, bonita. Durante a prova inteira, com a turma em silêncio, ela gritava. Com o rabo do olho, eu via que era pra mim que falava daquele jeito, que olhava pra ver se eu estava olhando. Conforme escrevi no diário, sob o nome de “Ciência Exata — 01”, em 10 de novembro passado, foi com essa professora que comecei a entender que mulher também tem tesão por mulher, assim como os homens têm por nós. Infelizmente, eu não sou pro seu bico, tia — tive vontade de dizer. Nem para o seu, nem pro bico de outra mulher, a não ser que eu queira enganar a mim mesma. Só espero que não.  Ah, quanto à prova,  foi melhor do que eu esperava: gabaritei. O problema é que tive dois erros, mas se me deu nota 10, tudo bem. Valeu, mesmo! Só não tenha esperanças, te peço.

sexta-feira, setembro 06, 2024

OLHOS PRA QUE TE QUERO.

 


Fiquei envergonhada com o que disse um casal, que estava no mesmo trem, que a gente, se referindo ao meu primo, um jovem de 19 anos, que voltava a casa comigo e o meu pai. Durante a viagem, meu primo, apontando para fora da janela, gritou para o meu pai: “Titio, olhe as árvores andando para trás”! Meu pai ficou pasmo ao notar que o casal o olhava com olhos de piedade. Em seguida, meu primo, apontando para o alto, falou: “Olha, titio, as nuvens estão correndo com a gente”! O casal não resistiu. Pensando que se tratava de uma pessoa com deficiência mental, tocou o braço do meu pai e falou: “Por que você não o leva a um especialista”? Meu pai, sempre bem-educado, então respondeu: “Meu irmão já fez isso. Estamos retornando do hospital onde ele foi operado. Era cego de nascença e estas são as primeiras paisagens que vê após o transplante”.

segunda-feira, setembro 02, 2024

O INVASOR

 


      Mesmo chovendo, como estava, minha mãe não devia ter sugerido que o Luiz dormisse lá em casa. Afinal, não era nenhum dilúvio que caia lá fora. Se meu pai não tivesse viajado, duvido que ele permitisse. Luiz é um primo de quem minha mãe gosta muito. Quando era pequena, eu brincava com todo mundo, menos com ele, que já era grande, tipo, 8 anos mais velho. Talvez até brincasse, mas não gosto de garoto abusado e ele era muito abusado. Minha mãe arrumou o quarto para ele antes dela ir se deitar, mas o cara, ao invés de ir para o quarto que ela arrumou, preferiu vir para o meu, perturbar. Começou perguntando o que eu fazia, se ele sabia que eu estava estudando. Eu não o tinha convidado para entrar, mas ele entrou. Entrou e sentou-se na minha cama, coisa que eu odeio. E sem que eu esperasse começou com aquele papo furado para cima de mim. — “Ah, que você é linda. Ah, bem que a gente podia sair de vez em quando”. Esse papinho enjoado que os idiotas costumam usar. Na hora eu pensei em pedir para ele ficar do lado de fora, mas não falei. Não falei, mas devia ter falado. Se falasse talvez não tivesse passado a mão nos meus cabelos, tirado alguma coisa do meu ombro, que ele achava que tinha, e outras coisas que fazem quando estão a sós com a gente. E eu com uma vontade danada de colocá-lo para fora do quarto, mas fiquei na minha, calada, anotando o que eu precisava estudar. Na hora que ele levantou, segurou o meu rosto e tentou me beijar, foi que eu explodi. Botei as mãos na cintura, como faz minha avó e soltei os bichos: — olha aqui, seu miserável. Não tente me tocar outra vez, porque eu chamo minha mãe. Isso se eu não chamar a polícia. E não pensa que eu sou para o seu bico porque eu não sou! E outra coisa; no dia que eu precisar de homem, não será de homem igual a você porque homem, para mim, tem que ser bonito. E ele era. Tem que ser educado. E ele era, e tem que ter emprego que garanta o futuro da gente. E ele tinha também. Homem para mim não pode ser atrevido, mas também não precisa ser bobo. O homem tem que saber respeitar, e você não respeita nem a casa de quem te ajudou nos estudos. Vou aproveitar para dizer o que nunca pensei que fosse preciso; saí já do meu quarto agora senão eu chamo minha mãe!!!  E ele saiu. Saiu e eu não chorei. Nesses casos, eu sempre fico com os olhos molhados, mas dessa vez não. Fiquei foi fedendo de tanta raiva que eu estava sentindo.


segunda-feira, agosto 26, 2024

UM ROLÊ COM VOCÊ.

 



Na fila do caixa do mercado do bairro escutei uma conversa entre uma vizinha e sua amiga. Escutei porque fui obrigada. Se eu saísse da fila, perdia o lugar. Essa vizinha falava baixinho sobre o ombro da outra que tinha ido ao pagado na noite passada e essa vizinha, é bom que se diga, é casada, mãe de duas crianças pequenas, trabalha fora e é muito bem vista no condomínio onde moramos. O bom disso tudo é o marido dividir os trabalhos da casa com ela. Mas voltando ao assunto; ouvi dona Cássia, que tem outro nome, mas para não comprometê-la vou chamá-la de Cássia, eu a ouvi dizer que tinha ido ao pagode na noite passada. Disse baixinho sobre o ombro da amiga a sua frente. Eu estava atrás perto, atrás delas. O que ela disse era verdade porque eu mesma a vi entrar no carro com algumas amigas por volta das 21h. O show acabou por volta das 2 da madrugada, mas só às 5 voltou para casa, como falou. Ao perguntar se o marido ficara bolado com a hora, ela disse que não. Era um acordo que havia entre eles. Se um gosta de futebol e o outro não. Esse um fica com as crianças enquanto o outro vai torcer por seu time. Dona Cássia e o marido tem a mesma idade, 32 anos e são pais de 2 crianças. Eu fiquei muito feliz, não por demorar tanto para voltar, mas pela liberdade que um dá para o outro. Já pensou se todos os casais fizessem assim? O respeito é tudo e se um confia no outro, por que não fazer o que se gosta quando se pode? Nunca vou esquecer dona Catiaho falando que o dia é grande, é muito grande, é gigantesco, para quem trabalha, para os doentes e os prisioneiros, mas para a felicidade não passa de meros segundos.
Chegou minha vez, pera aí!  Quanto deu aí, moça? O cartão é da minha mãe, pode parcelar?