12 de jul. de 2025

COPA DO MUNDO

 



Eu não consigo entender como meu pai, que não gosta tanto de futebol, deixa esses bêbados entrarem na nossa casa. Por que cada um não vê na casa dele, não é mesmo? Minha mãe não diz nada, coitada. Fica na cozinha enquanto me tranco no quarto para fugir do barulho. O pior de tudo é que ninguém torce por nenhum desses que estão jogando. Não vou torcer contra porque são brasileiros, mas vou reconsiderar conforme a gritaria. Quem sabe não mude de ideia! Não gostaria, mas, talvez seja obrigada. Não para perderem, mas para mostrar ao meu pai a besteira que faz trazendo para cá essa gente. Quem sabe não encontre um meio de mandar esses caras de volta para a casa deles? Isso mesmo, basta dizer: — “olha aí, meus amigos, por hoje já deu, acabou, já era!”
Sempre que vão embora, a casa fica uma zona. Ninguém espera para ajudar. Só contamos com meu pai para mamãe não fazer tudo sozinha. Sim, porque esse dom de limpar a sujeita dos outros eu não tenho. Muito menos paciência.
Não tenho certeza de quem joga ou deixa de jogar, mas se Deus está conosco, “quem” está contra nós. E se “quem” é contra nós, que ele perca e volte para sua casa!

6 de jul. de 2025

FESTEJOS DE MINAS



                 Deixamos o Rio para participar das festas juninas em Minas Gerais.  Uma parada a cada três horas para esticar as pernas.  Nas duas primeiras, o diálogo, onde parávamos, era o mesmo: fogueira, milho-cozido, quentão e arrasta-pé. As festas mais importantes de Minas eram as de Belo Horizonte e Diamantina, diziam alguns. Esta última era o nosso lugar de chegada.
Diamantina é a que mais tem a ver com a história por preservar tradições. As festas, sempre animadas, a comida saborosa e o ambiente agradável do interior, eram o motivo principal dessa nossa viagem. Foi onde notamos a grandiosidade da celebração.
O brasileiro, sem dúvida, é um povo alegre e bonito, porém nenhuma beleza se equipara a das nossas mulheres. Beleza que silencia, congela e causa temor. Se formos esperar por um jovem nos pedindo em namoro, sem dúvida, acabaremos solteiras. E que nome daríamos a isso senão medo? Não é o meu caso, pois não danço, mas já presenciei várias moças convidando rapazes para dançar. 
Em comparação com a viagem de ida, a volta foi bem rápida. Estávamos cansados, porém, felizes, revigorados, rejuvenescidos. No próximo ano, se meu pai não tocar no assunto, recorrerei à minha mãe como arma de persuasão.             

30 de jun. de 2025

CHEGA, JÁ DEU!

 



Tem quem reclame de tudo e até do meu jeito de falar e escrever, tem quem reclame. Para mim, tudo bem, tô de boa. Podem continuar, porque mudar eu não vou se não for para melhor. Não tenho culpa se essa gente só se relaciona com quem vive grudada no celular. Enfim, é melhor falar na cara do que pelas costas. De gente falsa já estou farta, infelizmente no mundo em que moro está cheio. Tem aqueles que são contra, eu sei, mas na hora que precisamos fazem cara de paisagem. Reclamam dos mentirosos quando vivem mentindo. Falam das pessoas que tratam mal as outras, quando, na primeira oportunidade, nos tratam com indiferença ou arrogância. Conversam sobre lealdade, mas nos traem na primeira oportunidade. Falam de amor ao próximo quando só pensam em si. Esses são os indivíduos que se dizem humildes, mas, quando surge oportunidade de provar, fecham os olhos e fingem não ver. São elas as tais sociáveis, quando, na verdade, não passam de interesseiras. Só se for para ganhar algo em troca, se oferecem para ajudar.
O nome disso? Hipocrisia. Eu, continuo na minha e, se achar que falo tão mal quanto escrevo, olhe o celular que nele deve haver coisa melhor.


23 de jun. de 2025

SANTOS DE JUNHO.

 


            As festas juninas que conheço são dedicadas a três santos: São João, responsável pelo batismo de Cristo, São Pedro, encarregado de preparar e guardar o salão, e Santo Antônio, que as moças insistiam que, por sua intercessão, casariam. Eu não vejo assim, mas quem sou eu para opinar sobre isso? Essas celebrações em meados do ano não são mais do que um meio para comercializar determinados produtos. A gente aproveita para encontrar os amigos, mesmo correndo risco de ouvir o que disseram sobre nós para eles e de nós para os outros. Eu vou, mas não para conversar sobre outras pessoas, menos ainda para arranjar namorado. Na festa de Santo Antônio, da qual participei pela primeira vez este ano, havia de tudo que é típico nessas ocasiões. Foi quando me perguntaram como ia o meu namorado? — Que namorado? — pensei perguntar, mas não perguntei. Preferi o silêncio a socar-lhe as fuças. Também perguntaram pela empregada que mamãe dispensou. Gente! Essas malditas cismaram que foi por ciúmes. Diziam que mamãe a teria mandado embora porque tinha ciúmes dela com meu pai. Na verdade, a razão foi que ela faltava demais. Ciúme do meu pai com a empregada? Só rindo. Ele mal consegue cuidar de uma mulher, imagina de duas.
Voltando ao tema, a igreja está pronta para escutar as mentiras que tenham para contar. Se você tem uma boa fofoca, o momento é agora. Compareça. Não importa se a informação é verídica ou falsa, venha! Independentemente de ser uma bela lembrança, uma desagradável verdade ou uma inesquecível mentira, o valor é o mesmo.

14 de jun. de 2025

PARQUE DE EXPOSIÇÃO

 



      Não conheço quem goste mais de Chitãozinho e Xororó do que minha mãe. Eu gosto, mas doida, assim, não sou não. No começo de junho, de todos os anos, eles cantam num show aqui perto. Dessa vez, eu estava mais ansiosa do que minha mãe, não por conta dos sertanejos, mas para ver a galera se atirando para fora de um avião. Meu pai diz que a altura é tão grande que o avião desce primeiro que os corajosos rapazes.
Muitos cantores e gente de circo tinham lá para se ver, mas como a atração principal só chegaria mais tarde, minha mãe não queria ir cedo. Mas eu queria. Às 14h os aviões começaram a subir e eu lá: olhos arregalados, sorriso rasgado, olhando para o alto com cara de boba. Não eram só rapazes, tinha moças também caindo do céu.
Como todo mundo, corri para cumprimentá-los, eu, com cara de boba, também fui atrás. Oh, gente fria, gente gelada — falei, pensando que ninguém me ouvia. — “É o vendo que nos deixa assim” — disse uma garota com um paraquedas enrolado nos braços. Falei com quase todos da turma dela. Poucos ultrapassavam a faixa dos 30 anos, mas, com mais de 50, vi dois ou três, sendo um deles o que mais me chamou a atenção. Era um blogueiro ativo, cujo nome não declaro para não dar moral. Lamentavelmente, ele viu o meu pai, com quem passou um bom tempo contando suas façanhas. Penso que não nos viu, pois corremos para a barraca de caldo de cana.  
— “Aquele amigo da Catiaho mandou lembranças para você.” — disse meu pai tão logo nos encontrou.
— “Ah, tá, obrigada” — empurrei o pastel todo na boca.
— “Que coisa horrível, filha!” — exclamou meu pai, me aconchegando em seus braços.
— “Olha, filha. Olha!” — disse mamãe, apontando para um ônibus muito bonito que se aproximava com os dois na janela acenando.
Estávamos todos, eu, minha mãe e meu pai, bastante felizes naquele dia.

COPA DO MUNDO