— Por que não me disse que estás “ficando” com o jovem que foi montar sua festa? — Foi quando descobri qual motivo traria Marli Tira e Limpa à casa dos meus avós. — Tá doida, tá, minha avó? — respondi forçando as flores que eu trouxe para dentro da jarra e para tristeza do meu avô, quando molhei minha blusa, gritei meu melhor palavrão.
— Acho que 17 anos não autoriza ninguém a namorar escondido dos pais, que dirá, dos avós. Por que não falou que namorava o rapaz? — disse como se fosse ficar no meu pé até me tirar a verdade. Mas do que você tá falando, vovó? Quando foi que escondi da senhora o que faço ou o que deixo de fazer? — perguntei olhando firme pra ela. Acho que a fuxiqueira que acabou de sair encheu sua cabeça ou esse papo não estaria rolando. Será que a piranha pensa que desisti de mim pra ter qualquer coisa com aquela magrela? Olha, vovó, se ela pensa uma coisa dessas, tudo bem, mas a senhora… Acredite ou não, mas eu nunca olhei para a cara desse sujeito. Sorte dela não encontrar meu vovô, pois, se o tivesse encontrado ele, antes que ela terminasse a primeira fase, ele já a teria enxotada para longe. Desculpe, vovó, mas essa conversa já deu. A senhora eu não sei, vovó, mas meu avô acredita muito em mim. Sempre que precisar saber alguma coisa a meu respeito, pergunte a ele. Pena que a senhora não tenha se tocado que ninguém se chama Marli Tira e Limpa de graça.
Vovó, infelizmente preciso ir embora. Dá um beijo no meu avô e diga a ele que eu o “amo”. Por favor, não se esqueça de dizer “isso” pra ele!
— Mas, já, minha neta? Você mal chegou e já vai embora? — ouvi de longe ela dizer.