Quando eu era pequena, morria de medo do escuro. A noite, quando todos iam dormir, eu, na ponta dos pés, ia para o quarto da minha mãe.
De manhã, para ela não brigar comigo, perguntei muitas vezes se os monstros da noite comiam crianças?
Ela ria comigo no colo e falava que esses monstros não existiam, que eram coisas da minha cabeça, dizia, batendo a ponta do dedo na minha. Pelo contrário, dizia, as noites guardam segredos que só se descobrem de olhos fechados, dormindo, por isso, minha filha, você precisa dormir, mas não no meu quarto! Falava acariciando meu rosto.
Na noite seguinte, ela veio ao meu quarto. Levava uma lanterna que ela afirmava ser mágica e me deu de presente. Talvez pelos desenhos da lua e das estrelas que havia.
— Quando sentir medo, use a lanterna, minha filha, e escute o que as estrelas vão te contar!
Me agarrei à lanterna e, com ela ao meu lado, fechei os olhos na intenção de dormir. Pela fresta da minha janela, vi um bando de estrelinhas correndo de um lado para outro e, em seguida, uma voz me chamou. Surpresa, já sussurrando, perguntei quem me chamava.
— Somos nós, as estrelas! — responderam. Parecia que uns pontinhos brilhantes acenavam para mim.
— Rô, não precisa ter medo de escuro, pois é nele que nós, as estrelas, moramos. Agora durma que te mostraremos os mais bonitos lugares do mundo!
Foi aí que fechei os meus olhos e deixei me levar. Com ela, segurando minha mão, caminhei entre as estrelas, saltando de uma para outra. A mais brilhante me contou histórias maravilhosas.
No dia seguinte acordei muito feliz. Era a primeira vez que eu dormia sozinha. Do momento que mamãe entrou no meu quarto e me abraçou, não parei mais de falar:
— Mamãe, o escuro não é tão ruim, na verdade, ele é mágico! As estrelas me contaram coisas e até segredos elas contaram!
Daquele dia em diante, nunca mais tive medo do escuro e, quando anoitece, eu corro para a cama à espera das minhas amiguinhas que, como sempre, me contam histórias belíssimas, como mamãe afirmava.


