Quando aprendi a ler, o primeiro livro que me deram falava de um homem pobre e sem sorte que, caminhando, teria visto uma pedra distinta das que já havia encontrado. Não se tratava de um diamante ou objeto de valor inestimável, mas, devido à singularidade, a levava sempre no bolso. Não pensava em desgrudar do achado e, até para dormir, optou por levá-la consigo. O apego era tão intenso que acabou sonhando com ela. No sonho, um gênio indicou a pedra e falou: — “Esta pedra possui um considerável valor. Provavelmente o mais importante de todos. Se a apertar entre as mãos e fizer três pedidos. Três milagres ocorrerão, mas tem uma coisa, lembrou o gênio, a intenção é pedir para outras pessoas.
O homem ficou extremamente desapontado, mas continuou tentando transformar sua vida através dos pedidos. — “Então, se eu não posso ter nada para mim, também não vou pedir nada para ninguém”. — Pensou, colocando a pedra numa gaveta, onde permaneceu por 50 anos, esquecida. Certa noite, já idoso, ao remexer suas coisas nessa gaveta, deparou-se com a pedra e, considerando sua velhice, a pobreza e a infelicidade, decidiu fazer os pedidos, desta vez em nome de outras pessoas. Mas nada aconteceu. Somente o gênio, o mesmo de 50 anos atrás, surgiu, com os braços cruzados, falando: — “Tomaste finalmente a decisão de fazer o bem a alguém e, como tens direito a três pedidos, o terceiro é teu”.
Ouvindo isso, o homem levou as mãos ao rosto e começou a chorar. Chorou muito, pensando que, se não fosse tão egoísta, se tivesse um pouquinho de amor pelo próximo, certamente sua vida, agora aos 70 anos, também teria mudado.
Não resisti e reli o livrinho outra vez.