Ninguém na minha casa é doente por jogo de bola. Nós gostamos, mas preferimos outras coisas que tem na TV. Principalmente as séries que mamãe acompanha com uma caixa de lenço ao seu lado. Lamentavelmente, meu pai tem amigos. Esse tipo que, em vez de ver o jogo com a esposa, prefere a casa da gente. Ontem foi um tumulto geral e olhe que o Flu nem venceu. Minha mãe não tem tempo para desocupado enquanto eu, muito menos. Especialmente para esse tipo de gente. Acreditem, os desocupados, não só levaram a pipoca, mas também a cerveja e o torresmo, que me deixaram com água na boca. Me refiro ao torresmo, que amo.
Não fosse o filho ao seu lado, eu teria aceitado o torresmo, mas com esse idiota me comendo com os olhos, prefiro morrer afogada a dar ossos para os cães.
Se o pai uivava e o filho grunhia empatando, como reagiriam conquistando a vitória? Meu pai, que é meio bobo, ria por minha mãe ter se escondido na cozinha e por mim, trancada no quarto. Com certeza, ria de nós, de mim e da minha mãe, pois para eles, com gol ou sem gol, tudo é motivo de festa.
O jogo acabou e a casa voltou ao que era, embora tentassem acessar o meu quarto para as despedidas. — “Vão na paz!” — Gritei lá de dentro.
Nunca me esqueceria de que, assim como os humanos, os animais também tentam invadir o espaço dos outros.

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