Meus tios davam doces desde que eu era pequena. Ele afirmava que era promessa da minha tia, enquanto ela garante que é por tradição. Muitas vezes, antes da data, eu os via preparando os saquinhos, mas dá-los a mim ninguém dava, só no dia seguinte. Aquelas eram as 24h mais longas da minha vida. Na tarde seguinte, já no dia 27, meus tios levavam os saquinhos para o portão numa bolsa de supermercado. O legal era ver a expressão de cada criança ao abri-los. Umas se encantavam, enquanto outras, com tristeza, por não conseguir uma extra para dar ao irmão que ainda não anda sozinho. Mas, de resto, era o mesmo de sempre. Muitos saquinhos para um número ainda maior de crianças. Nem todos conseguiam os doces que foram buscar. Também existiam os espertos que desejavam — e, em alguns casos, conseguiam — abocanhar mais de um.
Eu realmente não considero que dar doces no dia de Cosme e Damião seja uma prática religiosa. Embora tenhamos consciência de que a celebração está relacionada à Igreja Católica e aos cultos afro-brasileiros, como a Umbanda e o Candomblé. Mas, para mim, o mais importante é a tradição que enxergo como parte do nosso folclore, o que, a meu ver, deve ser preservada.
Bora lá, pegar doce, tia Rô!, diz a filha de seis anos, da minha prima, a quem pego no colo para beijar sua face, sorrindo.
2 comentários:
Uma tradição tão legal e na minha família ela não existia, mas ganhava os saquinhos de Cosme e Damião das vizinhas! Adorava! Lindo fds! beijos praianos, chica
Rô,
Tenho dessa data, lembranças
lindas de um tempo bem distante.
Ainda menina, sendo a filha mais velha,
eu tinha permissão
junto com meus irmãos e irmãs
de não irmos a escola e sim
sairmos juntos para receber doces
e presentes. Era um dia muito feliz
pra quem tinha muito pouco
de fartura e conforto nenhum.
Nesse dia éramos iguais a todas as
outras crianças! Ah sim! Minhas primas
que tinham de tudo nesses dias,
ficavam tristes e presas em casa, porque
sendo cristãs Batistas, minha tia Lena, não
as deixava sairem comigo e meus irmãos,
nós não tínhamos religião pra nós prender.
Obrigada por me trazer esse doce recordação.
Bjins de primavera.
Catiahô Alc.
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