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terça-feira, maio 28, 2024

SÓ O AMOR PARA EXPLICAR.

 



     Os moradores do meu prédio afirmam que a loirinha, que veio com um japonês, seu marido morar no apartamento à direita do meu, é gostosa — não sei como chegaram a tal conclusão — Reconheço que seja simpática e até agradável, enquanto o marido, é sisudo e nem olhar ele olha para as pessoas. Ela fala com todo mundo enquanto o marido, esse, se fecha tal qual caramujo. Ela é dona de casa e só sai com ele nos finais de semana, ao passo que ele, funcionário da Petrobrás, passa mais tempo na plataforma que em casa com mulher. De segunda a quinta ele está trabalhando enquanto ela, coitada, vive pelos cantos chorando a falta do companheiro. Nos fins de semana, o silêncio é total. Ninguém fala alto ou ri para os outros escutarem. Seriam ótimos vizinhos se a mulher não resmungasse durante os 4 dias em que fica sem ele. Nos dias que ela fica sozinha eu a escuto chorar, ela chora, tipo, gritinhos que sei que ela cobre com a mão para ninguém escutar. “Deve ser saudade do esposo” — diz minha mãe. Mas saudade sei que não é. Mulher não sente saudade quando o marido lhe manda flores e o dela as manda diariamente. E se não são flores, o que será que os entregadores vêm fazer na casa dela? Quando estou no meu quarto, eu os ouço bater à porta e ela correr para atender. Depois volta para a cama e começa a chorar. Não é choro igual de criança, mas algo que nos deixa pensativos. Às vezes acho que os rapazes arranjam meios de ficar um tempinho com ela. Mas isso não é verdade. É coisa da minha cabeça. Se tivesse alguém lá, ela não estaria chorando ou seriam eles que a fazem chorar? Se eu pensasse como todos pensam, poderia achar que é por isso que geme, choraminga e até gritinhos escuto ela dar, mas como não penso, é de saudade mesmo e ponto final.
É como diz minha avó, quem vê cara, não vê coração.

12 comentários:

Pequena con estilo disse...

Lindo post querida, un abrazo

Jovem Jornalista disse...

Adorei seu conto. Você possui muita criatividade.

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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Até mais, Emerson Garcia

Ester disse...

Es difícil ver el corazón de las personas, suele haber una máscara cambiante que nos lo complica. Abrazos

sinforosa c disse...

Un racconto che dà da pensare. Saluti belli.
sinforosa

Tomás B disse...

Cuanto parece nos gusta saber la vida de los demás (no lo digo por ti) mas bien por tus vecinos ya que como nos dices parece una pareja un "tanto" especial al ser de diferente raza.
Creo que tu abuela te da unos muy sabios consejos.

Saludos.

Os olhares da Gracinha! disse...

Uma história que pode muito bem ser verdadeira!👏👏👏😘

Martha Jane Orlando disse...

We can never assume we know the heart of another.

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Rô,
Menina! Você se não
conhece, devia conhecer a
escrita do grande Nelson
Rodrigues. Tenho vários livros
dele, mas o melhor é
o que ganhei de minha amigaafilhada,
naquela época.
Seus textos Rô, tem um "Q" NelsonRodriguiano,
que tem muita da vida real
de outros, acredite!
Estive ausente porque estive
trabalhando com a empresa da família.
Bjins de boa semana nova.
CatiahoAlc.

Katerinas Blog disse...

Well written text.
Yes it is,
but some people have such a clear vision in their eyes that you can almost see their soul.

J.P. Alexander disse...

Tu abuela tiene razón. Te mando un beso.

Albada Dos disse...

Será muy escandalosoa, los fines de semana estará con él y estará feliz :-)

Un abrazo

Porventura escrevo disse...

Grande imaginação 🙂

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