GOOGLE, OBRIGADA. JÁ DEU!

 

Passei horas escolhendo um presente que meu pai pudesse me dar. Sabia que os tempos eram difíceis, mas, como a data de aniversário da filha dele sempre foi importante, eu pedi e ganhei. Em diversos textos publicados neste diário, citei este homem. Um pai que se adequa à família, aos livros e às amizades dos seus amigos. Um pai que, por mais que o valorizasse, seria pouco. Dada a semelhança de gostos e a situação atual das nossas finanças, escolhi a obra de Freud. Isso eu sabia que pudesse comprar. Vinte e quatro volumes. Pedi e ganhei. Não somente esses livros, como os de Stephen King, inclusive outros que ele assinara como se fora Richard Bachman, seu pseudônimo. Meu pai leu e gostou, por isso me deu com os outros. Adoro suspense e ficção científica, como gosto das fantasias desse escritor, só não me importo de ler ficção sobrenatural, como as obras de Poé. Assim que terminar o que estou lendo, enveredo nessa nova jornada. Tem gente que compra livro, não para ler, mas para enfeitar prateleiras. Tem outros que passam as páginas sem entender o que lê, mas eu não. Leio como quem embarca para uma longa viagem, pois só através da leitura se conhece novos lugares, jeito de vida, culturas e a sua política. Sem os livros nem o nome das ruas da minha cidade talvez eu soubesse. Jamais comparei páginas de livro com as paisagens que vejo, de dentro do trem, através da janela. Não desembarcaria sem a mala de sabedoria que fui conseguindo em cada estação. É com elas que estou me tornando na pessoa que quero ser.
Obrigada, meu pai, pela passagem que o senhor comprou para mim. Obrigada pelo presente e pelo futuro, que, assim como o passado, chegará e passará, rápido, tal qual o trem em disparada ou o farfalhar de páginas de livro que se pega, folheia e repõe no lugar.