Tive a oportunidade de conhecer a enfermeira que cuidou do meu tio enquanto esteve internado. Durante a conversa, foi relatada uma história que mexeu profundamente comigo. De fato, titio fora internado sem os documentos que o identificassem. Ninguém sabia quem era homem que infartara no meio da rua. — “Seu tio não conseguia compreender as perguntas ou articular qualquer tipo de palavra” — dizia a enfermeira. — “Ninguém tinha conhecimento algum sobre ele, a não ser pelo seu nome que, com muito sacrifício, conseguira pronunciar: José. Dois dias procuramos pelos parentes, sem mesmo sabê-los quem eram, pois, as únicas palavras que conseguira articular, foram, o nome e a esposa de quem implorava pela presença”. “Na véspera de sua morte” — continuava a enfermeira — “seu tio, que tinha o sofrimento estampado no rosto, falou, enfim, que queria muito ver sua mulher. Chegou a chorar pedindo sua presença. Essas foram suas últimas palavras” — ela disse, enxugando o nariz. — “Dei graças a Deus quando a mulher entrou olhando para mim. Não deixei que falasse nada. Peguei sua mão e a levai até o seu tio”. — “Seu José, olha quem veio te visitar; sua esposa, seu José!” — “Seu tio olhou para a mulher e abriu aquele sorriso. Ela chegou, cheia de carinhos com ele. Sentou-se ao seu lado e segurou-lhe a mão. Acariciou o rosto dele e, ao longo da noite, permaneceu ao seu lado, proferindo palavras que eu não ouvia, mas que o fizeram sorrir de felicidade. Na madrugada seguinte a mulher acionou a campainha. Seu tio falecera.
Rô, seu tio faleceu numa paz tão grande que me fez chorar. Sua tia não se fastou dele até que as máquinas fossem desligadas e corpo removido. Quando eu ia saindo, ela segurou o meu braço e perguntou”: — “Quem é esse homem?” — “O seu marido” — respondi curiosa. — “Não, ele não era meu marido. Tenho a impressão de nunca o ter visto mais gordo, mas como a senhora me levou até ele e vendo que precisava, segurei sua mão, o que não me arrependo de ter feito. Principalmente por vê-lo feliz, com sua mão entre as minhas”.
Rô, seu tio faleceu numa paz tão grande que me fez chorar. Sua tia não se fastou dele até que as máquinas fossem desligadas e corpo removido. Quando eu ia saindo, ela segurou o meu braço e perguntou”: — “Quem é esse homem?” — “O seu marido” — respondi curiosa. — “Não, ele não era meu marido. Tenho a impressão de nunca o ter visto mais gordo, mas como a senhora me levou até ele e vendo que precisava, segurei sua mão, o que não me arrependo de ter feito. Principalmente por vê-lo feliz, com sua mão entre as minhas”.
A enfermeira, generosa como é sua classe, deixou-me chorando com aquelas palavras.
A partir desse dia me tornei mais carinhosa com aqueles que amo e a entender as pessoas que não se importam comigo.
(Com base no meu texto “A MULHER DO MEU TIO”)
8 comentários:
Very cute story!!
In general, things happen in hospitals that make us better people!
Thank you Ro!
Uau! Que texto incrível!
Un post estupendo
Una bonita historia la que nos narras y aunque no sería su esposa dio la ternura que le pudo haber dado tu tía de haberla localizado.
Saludos.
Uma história linda e comovente, Rô!
Adorei ler, tem gente solidária nesse mundo,
que bom!
Você contou belamente a história!
Um feliz domingo pra você!
Buena historia, porque hay que ser un poco empático si quieres vivir bien.
Un abrazo
Un racconto che mi ha emozionato e che ci insegna l'amore verso il prossimo. Grazie.
Un abbraccio.
sinforosa
Querida Rô,
São atitudes como essa que ainda me fazem acreditar no ser humano e na sua bondade e sensibilidade. Acredito que existam "anjos" nesse mundo que vivem para ajudar os outros. Aproveito para te convidar a ver as minhas postagens recentes, eu adoro os seus comentários!
Um beijo!
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