"DIA DAS MÃES"

 

    Não é pelas novidades que tenho pra te contar que eu vim aqui, vovó, mas pela saudade que sinto quando a senhora demora pra me visitar. Quanto as novidades… ah, nem sei como começar. Ah, já sei. Lembra da Branquinha, a gatinha que titio me deu quando fiz 15 anos? Então. Se meu papai não brigasse, eu ainda estaria com ela. Felizmente, sua “neta preferida” concordou em criá-la. Ah, vovó! Vai dizer que gosta mais de mim do que dela! Pois bem, a senhora sabia que a bichinha teve filhotes? Seis! E quem vai sofrer a senhora já sabe; é o canário, coitado! Acostumado a beliscar na vasilha da gata… ou ele fica esperto, ou será presa fácil para os gatinhos. Ele que se cuide ou adeus, canarinho. Também quero contar que a “mulher” do seu filho, o que faleceu, apareceu lá em casa. Meu pai, sempre muito educado, nem foi lá na sala para cumprimentá-la. O que será que ele tem contra ela, vovó, se antes do titio morrer os dois se davam tão bem? Pelo meu pai ponho a mão no fogo, mas por ela… não, vovó, pelo amor de Deus. Não pense que estou fuxicando a vida dos outros porque não estou. Até porque, todos têm lá um momento de fraqueza e ela, quem sabe, não teve o dela?!. Eu ainda não tive e espero não o ter, nunca, mas… ninguém é de ferro, por isso o que sua nora fez, vovó, não é da minha conta e nem de ninguém, eu acho. Isso se ela fez qualquer coisa errada, o que eu não duvido. Não espere que eu vá perguntar ao meu pai porque não vou, mas que ele sabe alguma coisa, ah, isso esse sabe.

Bem, vovó, era isso. Já está na minha hora. Deixa te dar um beijo que já estou de saída. Diz pro meu avô que a gente espera vocês no domingo lá em casa, para o almoço do dia das mães.