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04 novembro 2023

RITINHA É UMA PEÇA.

 


Meu pai não é escritor, mas escreve muito bem, principalmente pequenas peças para teatro. Quando minha amiga Ritinha, que faz parte de um grupo teatral, soube que meu pai escrevia para jornais, me pediu que o apresentasse a ela. A intenção era criar um monólogo que encenaria no teatro do bairro. Ela deu a ideia e o meu pai escreveu. Durante dois anos a peça foi ensaiada. Sentindo-se preparada, Ritinha alugou um espaço e vendeu os convites. No dia da estreia minha amiga nos procurou. — “Não vou fazer mais peça nenhuma. Vou devolver o dinheiro, entregar o espaço e sumir da cidade”, disse muito nervosa. Meu pai, ouvindo o que ela dissera, correu ao nosso encontro e falou com ela como falaria comigo; — “mas, o que aconteceu para você falar desse jeito, pode me dizer?” — Não vou conseguir, me desculpe. Eu sinto que quando entrar em cena vou esquecer tudo o que decorei. Só de pensar naquela gente me olhando me deixa assim, tremendo desse jeito, oh! — Mostrou as mãos para o meu pai. — O senhor me desculpa, mas não vai dar. Não vou fazer mais — Ritinha escondeu o choro com as mãos. Meu pai ficou muito nervoso. Segurou a garota pelos ombros e disse, olhando na cara dela, como se estivesse brigando — "olhe aqui, minha filha. Há três anos eu quase morri com Covid. Me levaram para o CTI, onde fui entubado, e se não fosse Deus eu teria morrido. Quando me deram alta, eu me lembrei dos medos que já tive na vida e posso te assegurar que nenhum foi tão grande quanto aquele que eu tive da morte. Portanto, faça a peça. Encare esse fantasma para não se arrepender no futuro. Nenhum medo pode ser maior que a coragem de vencer. Hoje, após curado, eu vejo a vida de outra maneira. Daquele dia para cá tudo é fácil e possível para mim. O que significa que eu sou forte do que eu achava que era. Assim como você é e não sabia. Não será um vírus, que matou 8 dos 10 entubados ou uma cena de teatro que vai nos matar. Portanto, minha menina. Vai lá. Entre em cena e arrase!" — Eu nunca tive tanto orgulho do meu pai como tive naquele dia. Quanto a peça foi um sucesso! Não teve uma sessão que os ingressos não esgotassem.

15 comentários:

SOL da Esteva disse...

Espantosa formas de viver e dar vida! Um Relato que deveria atravessar não só o Brasil , mas ser meta para todos quantos vacilam na hora da verdade.
Um texto que vale ouro.
Parabéns, Rô


Beijo
SOL da Esteva

Guma disse...

Olá!
Agradecer sua visita primeiramente e dizer que estou lendo seus textos e que muito me agradam esses momentos de leitura.
Desejar um excelente fim de semana e que a nascente criativa continue a brotar riqueza de escrita.
Um kandando com admiração.

" R y k @ r d o " disse...

Muitos parabéns.
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Feliz fim de semana.
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Poema: “ Malditas guerras “
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J.P. Alexander disse...

Genial relato. Siempre hay enfrentar los miedos. Te mando un beso.

RÔ - MEU DIÁRIO disse...

Que show sua forma de encarar o texto comentando! Bju Sol

RÔ - MEU DIÁRIO disse...

Kandando pra v tbem e obrigado. Bju

RÔ - MEU DIÁRIO disse...

Brigadu e bfs pra vc. Bju

RÔ - MEU DIÁRIO disse...

É isso enfrentar. Bom fds pra vc. Bju

Sérgio Santos disse...

Sucesso merecido!!! É sobre isso.

Graça Pires disse...

Muito bem contado aqui. Parabéns. Que tudo seja lindo como deseja.
Uma boa semana.
Um beijo.

Mariete Salema disse...

Um belo texto, qual relato de vida, que amei ler.
*
Abraço/beijinho.
*/*
Poema: Até amanhã meu amor
*/*

RÔ - MEU DIÁRIO disse...

Mas num é menino?!Bju

RÔ - MEU DIÁRIO disse...

Brigado e Bju outro pra vc.

RÔ - MEU DIÁRIO disse...

Valeu! Brigado e bju.

Anônimo disse...

Muita boa a mensagem desse texto.
E ainda bem que correu tudo bem!

Cláudia - eutambemtenhoumblog

ARREPENDIMENTO.