CONSELHO DE AMIGA

 

Meu padrinho me deu um cãozinho de pelúcia tão bonitinho que dá vontade até de levá-lo para passear, mas como não sou besta, não vou dar motivos para fazerem troça de mim. Melhor não, não é mesmo? É bom deixá-lo sentadinho no puff que tenho no quarto. É claro que não sou eu quem brinca com ele. Na verdade, quem brinca é a menina que vive aqui dentro. Aqui dentro de mim. Dona Alice Alquimia, aquela do blog, me disse que eu posso crescer, ficar velha e tudo, mas a criança que vive aqui dentro, jamais envelhecerá.

Ficará sempre assim, brincando com os brinquedos que há muito não brinco mais. Quando fiz 15 anos dei todos os meus brinquedos e para não dizer que dei todos, deixei uma boneca, a primeira boneca que minha mãe me deu de presente não para brincar escondido, mas para guardar, tipo lembrança de infância. Coisa de quem não quer ficar velha, entende? Vou aproveitar para pedir a Dona Alice que parece gostar de mim para me dar uns conselhos quanto ao estilo de escrita. Ela diz que escrevendo do jeito que eu escrevo eu não me revelo. Que isso não é benéfico para mim e, muito menos, para aqueles que leem os meus textos. A gente precisa mostrar quem a gente é e não o que não somos, ela disse. Eu não entendi muito bem, mas seja lá o que for eu me rendo aos conselhos que possa me dar. Até porque, trata-se da amiga do Chapeleiro Maluco e eu não seria doida de bulir com bicho que fala.