Se é minha amiga, posso te dar até um beijinho no rosto: contudo, se a garota não é, um simples cumprimento está adequado. Após um tempo, minha prima veio nos visitar com uma amiga. A garota, como que enlouquecida, abraçou e beijou meus pais. Ao chegar minha vez, dei um passo atrás e, colocando a mão no seu peito, perguntei: — e aí, tudo bem?
Mas não resolveu. Deu um giro em torno de si e, sorrindo, jogou-se em um dos sofás, como, certamente, costuma fazer na casa dos pais. Os meus concordaram com esse tipo de coisa, mas eu não. Comigo, o buraco não é no mesmo lugar. Minha prima juntou-se a ela no exato momento em que o foco laser da minha bazuca apontava o centro da testa das duas.
— A gente está namorando — declarou a maluca. Minha prima, apontando o dedo, gritou com a cara encostada na dela: — amiga!!! A gente é amiga, só amiga, entendeu?!
Não sei se meus pais acreditaram, mas eu, com certeza, acreditei. É a cara da minha prima. Meus pais estão cientes de que garotos namoram garotas e meninas com meninas, porém, na família… Portanto, o olhar do meu pai, foi direcionado à minha mãe, que somente assentiu e foi para a cozinha.
Quer namorar uma mulher que namore, mas não traga para perto de quem odeia ser cobiçada por outra. Mamãe chamou meu pai para auxiliá-la na cozinha. As duas foram para o meu quarto e eu saí sem destino.

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