9 de out. de 2025

A CASA DA MINHA AVÓ

 



Meus bisavós desejavam vender o sítio onde os pais da minha mãe moram hoje em dia. Uma tarde chuvosa, o maluco do meu bisavô se encontra, por acaso, com um tal de Olavo Bilac, a quem tão bem conhecia. A ele, esse doido, confessa o desejo que tinha de vender a propriedade. Aproveitando o encontro, meu bisavô pede ao amigo para redigir um anúncio para ele pôr no jornal. Atendendo ao amigo, Bilac escreveu: “Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros, ao amanhecer, no extenso arvoredo. É cortada por cristalinas e refrescantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda.” Passado alguns dias, o poeta encontrou-se com meu bisavô, a quem pergunta se vendeu o sítio. Meu avô então diz que o pai dele, meu avô, estufou o peito para dizer: — “Nem pensei mais nisso, poeta! Depois que li o anúncio, foi que vi a maravilha que tinha”.
“As coisas são assim, desse jeito, disse meu avô ao pai dele. Quem está dentro não vê o que os que estão do lado de fora conseguem enxergar”.

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