17 de set. de 2025

PRIMEIRO LIVRO

 



       Quando aprendi a ler, o primeiro livro que me deram falava sobre um homem pobre e sem sorte. Certa vez, enquanto caminhava, esse homem avistou uma pedra. Uma pedra distinta das que já havia encontrado. Não se tratava de um diamante ou objeto de valor inestimável, mas, devido à singularidade, a levava sempre no bolso. Não pensava em desgrudar do achado e, até para dormir, optou por levá-la consigo. O apego era tão intenso que acabou tendo sonhos com ela. Em um deles, um gênio indicou a pedra: — “Esta pedra possui um considerável valor. Provavelmente o mais importante de todos. Se a apertar com as duas mãos e fizeres três pedidos. Três milagres ocorrerão, independentemente do que pedires. Somente uma coisa, lembrou o gênio. A intenção é pedir para outras pessoas". O homem ficou extremamente desapontado, considerando-se um azarado, porém continuou tentando, repetidamente, transformar sua vida através dos pedidos. — “Então, se eu não posso ter nada para mim, também não vou pedir nada para ninguém”. — Disse o homem, colocando a pedra numa gaveta, onde permaneceu por 50 anos, esquecida. Certa noite, esse homem, já idoso, ao remexer em seus pertences, deparou-se com a pedra e, considerando sua velhice, marcada pela pobreza e infelicidade, decidiu por fazer os pedidos, desta vez em nome de outras pessoas. Mas nada aconteceu. Somente o gênio, o mesmo de 50 anos atrás, surgiu, com os braços cruzados, falando: — “Tomaste finalmente a decisão de fazer o bem a alguém e, como tens direito a três pedidos, o terceiro é teu”. Ouvindo isso, o homem levou as mãos ao rosto e começou a chorar. Chorou muito, pensando que, se não fosse tão egoísta, se tivesse um pouquinho de amor pelo próximo, certamente sua vida, agora aos 70 anos, também teria mudado. Não resisti e reli o livrinho outra vez.

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