Ela não gostava de mim e eu sabia. Quem gosta não critica, não fala pelas costas e não vira a cara para dizer que não viu. Foi desse jeito no primeiro período. Não tenho culpa se meus pais me criaram para ouvir antes de responder, e só responder após entender a pergunta. Se ajo dessa maneira, não é pela cor preta da pele ou por ser pobre, mas por educação. Quanto a ser preta e pobre, não é uma escolha minha. O mesmo não ocorre com o conhecimento, visto que ele, de fato, depende exclusivamente de mim. Portanto, minhas notas são boas, até superiores às da jovem em questão. Com o decorrer do tempo, ela foi se aproximando. Iniciou com um “oi” na chegada e posteriormente um “tchau” na saída. E eu respondia, sem dúvida. No segundo período, no ano passado, já estávamos conversando. Em seguida, os abraços e os encontros na biblioteca. Certo dia, ela foi à minha casa e, no outro dia, eu fui à sua. No final do ano passado, a gente brigou. Ela foi para um lado e eu para o meu. As provas chegaram e ela, que estava indo bem na escola, voltou a tirar notas ruins. Em março, antes do início das aulas, ela, meio que sem jeito, me procurou. Pediu desculpas pelo que disse e acabamos voltando às boas. Resumo: as notas dela melhoraram consideravelmente, enquanto as minhas permaneceram inalteradas, já que, onde estudamos, ninguém obtém nota maior do que dez.
Em maio, um passarinho me contou que ela voltou a falar mal de mim novamente. No entanto, como também tenho amigos, descobri que foi ela. Conclusão: cada uma voltou para o seu canto. Ela, branca, rica e bonita, com suas notas medíocres, enquanto eu; preta, feia e pobre, sigo sem depender de ninguém.
18 de jul. de 2025
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