Meu bisavô era apaixonado por crianças. Fazia tudo para me agradar quando íamos ao sítio, onde moravam. Com ele, os passeios a cavalo ou na Veraneio da família eram inesquecíveis. Foram vários os que fizemos, só ele e eu. Uma vez, já voltando para casa, um menino com uma gaiola nos chamou a atenção. No interior, um pequeno pássaro saltava de um lado para o outro. — “Olha, vovô, que bonitinho!” — falei, pondo a cabeça para fora. Meu avô, sabendo que eu havia gostado, parou o carro e foi até o menino. — “Quanto você quer por esse passarinho?” — Perguntou pondo a mão na carteira. — “Desculpa, senhor, mas ele não é para vender” — respondeu, voltando os olhos para mim.
— “Olha aqui, garoto” — disse vovô com duas notas na mão. — “Acho que isso resolve o problema. Dê o passarinho para ela” — falou apontando para o meu lado.
— “É o que eu disse, senhor; esse passarinho não é para vender.”
De cara fechada, vovô tira outras notas e, com a testa quase encostada a dele, rosna baixinho: — “Acho que isso compra até bicicleta. Agora, passa a gaiola para ela” — falou, apontando a cabeça para mim.
O menino coçou o canto da boca, olhou o punhado de notas e falou: — “olha, senhor. Passei o dia inteirinho na mata para caçá-lo e só agora, após tantas horas, é que consegui. Por isso eu não vendo, desculpa, mas não vou vender.”
Meu avô, furioso, pegou mais uma nota, juntou-a às outras e enfiou no bolso do pobre menino. — “Acho que, mais do que isso, ninguém vai lhe dar. Agora dê a gaiola para ela!”. — Já ia voltando ao veículo quando o menino, segurando o dinheiro, falou: — “Mas eu não quero o dinheiro, do senhor e nem de ninguém. É como falei, o passarinho não está à venda. Se tivesse, eu o daria a vocês por muito menos que isso” — afirmou, devolvendo o dinheiro.
Vovô, com o dinheiro na mão, voltava sentar-se ao volante quando o menino, junto à janela, cochichou para mim: — “eu disse à mamãe que só voltava para casa após caçá-lo. Ela até duvidou. Vou mostrar que tenho palavra. Depois levo e te dou, mas não quero dinheiro em troca.” — concluiu com aquela carinha queimada de sol.
(Eu não tenho namorado porque se o tivesse, com certeza seria como àquele menino.)
14 comentários:
Que linda historinha,gostei de ler!
beijos ótimo dia! Tuuuuuuuuudo de bom,chica
A senhora me encanta com suas palavras. Obrigada, de coração.
Linda historia
Que lindo!
Ten un lindo día. te mando un beso.
Una historia que muestra a un chico íntegro.
Besos.
Querida Rô, gostei sobretudo do caráter do menino de palavra que você, sabiamente, namoraria um rapaz como ele. Parabéns!
Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos fraternos de paz e bem
Rô,
Adorável publicação
para essa data
e até mesmo
para a vida.
A do rei!
Bjins de bom fim
de semana pra nós.
CatiahôAlc.
Ah que legal vc ter gostado. Obrigada, viu!
Um bjo.
Quando diz que gosta fico toda boba. Obrigada, JB.
Obrigada, Muito obrigada por comentar no Diário da Rô. Esse é nosso, acredita!
Fico feliz te vendo por aqui. Obrigada.
Receber a senhora no Diário da Rô é motivo de festa. Obrigada, viu! Muito obrigada.
Qualquer um gosta de ouvir isso, imagina vindo da senhora. Obrigada, um beijo e, é isso.
Postar um comentário