PRA QUÊ?

 

   Meu pai, minha mãe e eu fomos à Paraty, passear. Minha mãe não gosta de sol, prefere ficar na sombra, lendo. Não acredito que seja esse o motivo, mas respeito. Já meu pai gosta muito, e eu então… papai arrastou uma espreguiçadeira onde se espichou com a cara para o sol enquanto eu, criança, me divertia na areia ali perto. Uma lancha branca e bonita chamou nossa atenção. Dela saltaram dois jovens e um homem um pouco mais velho. Ninguém nos dirigiu a palavras, só o mais velho, dono do barco. Os rapazes seguiram na direção do restaurante enquanto o homem, bastante queimado de sol, parou para falar com meu pai. De onde eu estava mal entendia sobre o que conversavam. Acho que perguntou se papai era morador da cidade. Meu pai, que não tem o hábito de conversar com quem não conhece, mentiu dizendo ser pescador. — “Então por que não está pescando se o dia está tão bonito?” — Perguntou o homem sorrindo. — Porque o senhor está falando isso? — respondeu meu pai perguntando — “se o senhor estivesse pescando ganhava mais dinheiro e até comprar um barco grande assim como o meu o senhor poderia” — falou apontando para o dele — “com ele o senhor ia para alto mar, pegava mais peixe, enchia o barco e vendia direto aos distribuidores. No futuro, quem sabe, não conseguisse outros barcos, aumentasse o poder da pesca e finalmente não fosse descansar com sua família num lugar bonito e aplausível?”

Papai levantou, puxando a espreguiçadeira para longe d'água e falou olhando para ele: — “e o que o senhor acha que estamos fazendo o quê, num lugar como esse?”