Qual a chance de uma mulher preta e pobre prosperar, alguém sabe dizer? — Todas! — É o que qualquer um gostaria de ouvir. Mas infelizmente eu não escutei. Talvez estivesse ficando surda, falado baixo de mais ou coragem pra responder ninguém encontrasse. Agora, por que discriminar essa gente se a educação que tiveram é a mesma que deram aos filhos brancos de gente branca? Assim como os professores que em momento nenhum se negaram atender um aluno preto em detrimento de um branco é que o mundo deveria caminhar. Na igreja onde me curvo ajoelhada, por exemplo, eu não vejo ninguém rezando o credo diferente um do outro e não seria de um negro ou de uma negra que iriam rezar. O agravante maior está no acender das luzes, na subida do pano e nas portas que, ao se abrirem, nos levam para um espaço vazio. Sair para onde? — Eu me pergunto — sair para onde se nas placas que indicam o caminho escreveram, em português: “negros por aqui. Brancos por onde quiserem”.
É duro estar lendo essas coisas no idioma da gente, e nada mudaria se fosse em hebraico, esperanto ou javanês. Talvez me calar fosse o mais sensato, mas aí volto a me perguntar: e o nó que me tapa a garganta, quem vai desatá-lo? Imagina se o negro não fosse bom aluno, não tirasse boas notas e não tivesse o respeito dos professores, dos colegas, dos pais e dos amigos…
É duro estar lendo essas coisas no idioma da gente, e nada mudaria se fosse em hebraico, esperanto ou javanês. Talvez me calar fosse o mais sensato, mas aí volto a me perguntar: e o nó que me tapa a garganta, quem vai desatá-lo? Imagina se o negro não fosse bom aluno, não tirasse boas notas e não tivesse o respeito dos professores, dos colegas, dos pais e dos amigos…
Consciência negra. Essa consciência não deve se parecer em nada com a consciência branca. Essa que nos açoitou no passado e hoje nos deixa livres, mas sem emprego e nenhuma esperança, nas favelas onde dizem que moramos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário