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sexta-feira, setembro 13, 2024

CIÊNCIA EXATA – 02.

 

              


          Levei um susto com minha mãe me chamando da entrada do quarto.
– Já é tarde, garota. Levanta. Você não vai à escola? – Joguei o travesseiro na porta, cobri a cabeça e voltei a dormir. Foi um custo levantar. O problema é que era prova. Prova de matemática. Felizmente a “megera” estava de férias e Thomaz, um cara bacana, ficou no lugar dela. Eu ainda estava meio para baixo, mas logo me recuperei. Até me animei ao ver que os tênis e o jeans, que uso para ir à escola, nada tinham a ver com o que eu estava sentindo.Daí a troca pelo vestido de alcinha que mamãe me deu no natal. Prendi o cabelo, passei aquela parada nos lábios, sei lá de que cor era aquele batom, pequei a mochila e vazei. Nem sei o que meu deu para essa mudança. Eu sabia que iam me zoar, mas... Minha turma era muito bagunceira, assim como eu, mas tivemos de dar um tempo por causa da chata da professora. Com ela a gente ficava pianinho, só no sapatinho. Mais parecia colégio de freiras. Já o Thomaz, esse cara era maravilhoso, não só como professor como era bonito e jovem, quase da nossa idade. Era legal ter aulas com ele. Nem parecia que "alguém" existia. Todos estavam numa boa, conversando, mas quando eu entrei, todos se viraram para me olhar. Era um tal de assoviar, me chamar de gostosa que, se eu não levantasse a mão mostrando o dedo do meio, até agora estariam me azucrinando o  juízo . De repente, assim, do nada, a sala ficou em silêncio. Mas como assim, o que a "megera" faz aqui, ela não estava de férias, e o Thomaz, cadê o Thomaz, gente? Ela entrou me olhando. Dane-se, todos já me olharam antes de você, sua vagabunda! — eu pensei. O problema é que a “vagaba” tava diferente assim como eu também estava e se já me sacanearam sendo amiga deles, imagina o que fariam com ela. Nada de conjuntinho combinando, sapato alto e cabelo preso puxado para trás, mas minissaia, sandália rasteira, cabelo pintado na cor caju, cortado na altura do ombro e os peitos quase pra fora do sutiã que certamente nem era dela, mas o primeiro que a filha ganhou, era como a professora de matemática se apresentava naquele momento. Gente, a mulher estava arrumada, eu diria, bonita. Durante a prova inteira, com a turma em silêncio, ela gritava. Com o rabo do olho, eu via que era pra mim que falava daquele jeito, que olhava pra ver se eu estava olhando. Conforme escrevi no diário, sob o nome de “Ciência Exata — 01”, em 10 de novembro passado, foi com essa professora que comecei a entender que mulher também tem tesão por mulher, assim como os homens têm por nós. Infelizmente, eu não sou pro seu bico, tia — tive vontade de dizer. Nem para o seu, nem pro bico de outra mulher, a não ser que eu queira enganar a mim mesma. Só espero que não.  Ah, quanto à prova,  foi melhor do que eu esperava: gabaritei. O problema é que tive dois erros, mas se me deu nota 10, tudo bem. Valeu, mesmo! Só não tenha esperanças, te peço.

8 comentários:

Jotabê disse...

Bacana seu texto. Se não tirou total na prova, certamente ganhou dez na avaliação da mestra.

" R y k @ r d o " disse...

Sempre gostei de ir à escola. Nos meus tempos de estudante duas disciplinas que sempre gostei: Português e matemática. Sempre fui bom aluno nessas duas disciplinas.
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Votos de um Feliz fim de semana.
.
Poema: “” Musa do meu coração ““
.

Pequena con estilo disse...

Otimo post

Ester disse...

Hay que leerlo despacio, retomar la lectura si te despistas, ojala le vaya siempre bien. Un abrazo

J.P. Alexander disse...

Por lo menos te fue bien en la prueba. Te mando un beso.

Pequena con estilo disse...

Un post interesante

Pequena con estilo disse...

Un post interesante

Tomás B disse...

Un bonito relato sobre las aventuras de colegio de una adolescente.

Saludos.

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