Quando inauguraram a roda gigante do Rio, eu tinha 11 anos. Na escola a professora quis saber quantos iriam ao passeio? Ouvindo aquilo eu pirei e antes de falar com meu pai, fui dizendo que sim, que ia. Era meu sonho ver a cidade do alto, como vi quando fui ao corcovado. O problema era meus pais. Minha mãe tem medo de altura, portanto, sobrou para o meu pai. O problema eram as desculpas que dava, tipo, nesse fim de semana eu não posso, quem sabe no outro. Só quando o chamei de medroso que ele cedeu.
Quando pequena ele era um herói. Fazia coisas que ninguém, pelo menos que eu soubesse, conseguia fazer: com um gesto para os ônibus, os táxis e outros carros que, por coincidência, pertencia aos amigos. Só assim, dizendo essas coisas, meu pai decidiu ir comigo. Na véspera, nem dormir consegui, tamanha era minha alegria. Mais ainda quando a roda começou a girar. Na nossa cabine o pessoal começou a gritar. Alguns por medo, enquanto outros, por nervosismo. Já meu pai… Bem, meu pai eu não sei o que ele sentia. Quando perguntei ele disse estar gostando, só um pouco ansioso por minha causa. Quando a roda parou e o povo voltou a gritar. A maioria devido à beleza da vista, enquanto meu pai, histérico, não parava de berrar: — “Tirem a gente daqui, por favor! Tirem que minha filha está passando mal! Por favor, tirem a gente daqui!” — Meu pai gritava e gesticulava. Que vergonha — Com aquilo, a roda voltou a girar e a gente desceu. Das oito pessoas, só eu e meu pai abandonamos a cabine. Eu estava uma fera. Puta da vida. — Pai, quem te falou que eu estava com medo se aquilo era o que eu mais queria, pai? O senhor sabia que a gente tinha direito a mais duas voltas e acabamos não dando nenhuma? — Pior foi a resposta que ele me deu: — “Eu pedi que a roda parasse porque você estava com medo, só por isso e se falei foi porque vi nos seus olhos e não se fala mais nisso!”
Quando pequena ele era um herói. Fazia coisas que ninguém, pelo menos que eu soubesse, conseguia fazer: com um gesto para os ônibus, os táxis e outros carros que, por coincidência, pertencia aos amigos. Só assim, dizendo essas coisas, meu pai decidiu ir comigo. Na véspera, nem dormir consegui, tamanha era minha alegria. Mais ainda quando a roda começou a girar. Na nossa cabine o pessoal começou a gritar. Alguns por medo, enquanto outros, por nervosismo. Já meu pai… Bem, meu pai eu não sei o que ele sentia. Quando perguntei ele disse estar gostando, só um pouco ansioso por minha causa. Quando a roda parou e o povo voltou a gritar. A maioria devido à beleza da vista, enquanto meu pai, histérico, não parava de berrar: — “Tirem a gente daqui, por favor! Tirem que minha filha está passando mal! Por favor, tirem a gente daqui!” — Meu pai gritava e gesticulava. Que vergonha — Com aquilo, a roda voltou a girar e a gente desceu. Das oito pessoas, só eu e meu pai abandonamos a cabine. Eu estava uma fera. Puta da vida. — Pai, quem te falou que eu estava com medo se aquilo era o que eu mais queria, pai? O senhor sabia que a gente tinha direito a mais duas voltas e acabamos não dando nenhuma? — Pior foi a resposta que ele me deu: — “Eu pedi que a roda parasse porque você estava com medo, só por isso e se falei foi porque vi nos seus olhos e não se fala mais nisso!”
(Foi difícil fugir das piadas na escola no dia seguinte. Falar que era meu pai que estava com medo, jamais falaria).
13 comentários:
Father's never want us to see their fears if they can help it.
Blessings, Ro!
Uy hjay cosas que es mejor callar. Te mando un beso.
Pai herói é uma tradição ou alguma coisa de psicologia básica, comportal. Não me lembro se um dia meu pai foi heroi para mim, eu apenas o amava em toda a sua fragilidade. Quando meus filhos (quatro) foram nascendo, eu fiz questão de me mostrar humano, frágil, medroso, neurótico. Sempre disse que não sou nem nunca foi exemplo para eles. O que sou e sempre fui é presidente de seu fã-clube. Gostei do seu texto. E roda gigante é bacana, mas devem ter uns mil anos desde a última vez em que fui, provavelmente daquelas antigas de parque de diversões
Adorei o texto! E até me emocionei.
Excelente Ro!
En la sencillez del relato hay un fondo rico de la psicología humana. De ese difícil vínculo padres e hijos; de los miedos, los sueños,las apariencias,los derechos que otros se toman sobre nosotros, etc., etc.
Formidable!
Placer leerte!
Mis saludos!!
Grace desde Uruguay.
Curioso como la inconsciencia de la juventud nos quita el miedo y la madurez asustada le echa la culpa al otro. Deberías repetir la experiencia, esta vez sola. Un abrazo
Conheço a roda gigante mas nunca andei nela. Cumprimentos
Querida Rô,
O seu pai bem que tentou manter a pose, mas sentiu medo da altura e isso é normal. Eu também já tive medo de alguns brinquedos desses parques famosos, altura sempre dá um frio na barriga. Mas pelo menos você conheceu a roda gigante e viu o pôr do sol.
Um beijo!
Un post interesante. Un saludo
Eu tenho medo de roda gigante, acho que mais do que montanha russa, mas sempre vou porque vale pela aventura!
Yo nunca subí a una ni de las que vienen ambulantes en las fiestas y eso que no son tan altas como esa.
Saludos.
Que aconteceu com sua última postagem?
kkkkkkkkk o humor dos seus textos sempre me tira boas risadas, mas nesse eu chorei de rir imaginando a cena. Imaginando seu pai com medo, mas fingindo costume, e a sua cara com ele gritando. Crônica perfeita e divertida da relação pais e filhos. E essas crianças grandes nos dão um trabalho, não é mesmo?!
Muito bom, lindona, beijinhos.
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