Minha avó me contou uma história que se outra pessoa contasse talvez não causasse em meu peito o aperto que esta causou. Foi assim: minha avó, contando, falou que um cantor lírico, um tenor espanhol, certamente um dos melhores e muito amigo de outro cantor, espanhol como ele, se desentenderam, brigaram. Foi anos sem se falarem. Quando um se apresentava em um lugar, o outro, sabendo, por lá não aparecia. A razão da briga, ninguém sabe explicar. Um dia José Carreras, o tenor de quem ela fala, parou de cantar; adoeceu. Fora diagnosticado com leucemia. Com a doença o cantor gastou todo a fortuna, mas bom, que é bom, não ficou. Quando soube da doença, Plácido Domingo, sem que o outro soubesse, para não constrangê-lo, criou, na Espanha, terra dos dois, uma fundação para tratar leucemia. Carreras foi internado e lá se curou. Curado sem gastar o que certamente não tinha. Tempos mais tarde, ao saber que o fundador da instituição era Plácido Domingo, o cantor não conteve as emoções. Foi ao “show” do cantor e o interrompeu. Todos se indignaram com aquele homem subindo ao palco, se ajoelhando aos pés do artista e num gesto comovente, bonito e fraterno, de agradecimento, pediu-lhe desculpas. Em público. Foi aplaudido de pé. Depois se abraçaram e certamente choraram, um no ombro do outro enquanto o povo aplaudia. Mais tarde, alguém da imprensa perguntou a Plácido: — “Por que você criou uma fundação para beneficiar um inimigo?” — Plácido então respondeu: — “Porque uma voz como aquela não pode se perder!
Minha avó é igual à sua e a sua também. Avó é anjo, é coisa de Deus. Obrigado, vovó por você existir. Te amo.
2 comentários:
Bela e inspiradora história. Na verdade eles eram amigos e se tornaram inimigos com o tempo.
Boa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Já conhecia a história.
Independentemente das figuras famosas, o que vale mesmo é a atitude.
De quem ajudou no silêncio, e de quem agradeceu em publico.
Existem vozes que são abençoadas e que não se devem perder.
Gostei da sua bonita publicação.
Abraço e brisas doces ****
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