OVO DE COELHO?

 

     Sempre que vejo um coelho, com um saco de chocolate nas costas, me lembro da páscoa quando eu era pequena. Naqueles dias meu coelhinho desaparecia. Demorou para perceber que as pegadas que me levavam ao “ninho” onde deveriam estar os ovos, não eram verdadeiras. Meus pais e avós riam da cara que acho que fazia quando os ouvia dizendo; “tá quente, tá frio”, por isso se divertiam daquele jeito enquanto a pobrezinha insistia na procura.  Somente após crescida, tive a compreensão de que as pegadas não eram do coelho. Minha avó as fazia com as pontas de quatro dedos e farinha branca. Tivemos momentos de riso, mas por dentro eu estava uma arara.  Essas coisas não se aplicam às crianças, nem às nossas, nem às de ninguém. — “a gente deu pouco doce a você devido aos dentes e não venha com essa de que o açúcar é energia, pois não é. O açúcar é o que nos mantém fortes, sim, mas não esse com o qual fazem os doces” — vovó estava empolgada. — “açúcar não só aumenta o peso, como também causa caganeira”. — Só mesmo minha avó para falar essas coisas. Talvez estivesse certa, até porque sou magra e às vezes tenho prisão de ventre. Hahaha…

Pelo que vi na dispensa, esse ano “habemus scelerisque” na páscoa e pelo tamanho, nem de coelho deve ser. Talvez de uma avestruz, daquelas bem grandes.

Hoje já não temos coelho, e, avestruz muito menos, mas da a impressão mesmo que um desses tivesse passado na nossa despensa.