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16 janeiro 2024

ACHO QUE SIM, FOI SIM.

 


           Ontem, quando cheguei do mercado, vi minha mãe enxugando os olhos. O assunto era sério, se não fosse sério, ela já teria dividido comigo, o que não fez. Morri de pena, mas não perguntei, pois, não só enxugou as lágrimas, como se trancou no banheiro. Mil coisas passaram por minha cabeça. Teria meu pai se engraçado para cima de alguma mulher? Não, isso não. Meu pai jamais faria isso com minha mãe. Doente, ela também não estava, mas eu, com os pensamentos rondando a minha cabeça, talvez pudesse ficar. Só tinha um jeito de saber. Bater à porta do banheiro e perguntar o que ela estava sentindo. E que foi o que fiz. — "Nada, não estou sentindo nada, minha filha. É coisa de gente da minha idade, mesmo". — falou com a voz embargada. — Abra a porta, mamãe! Abre que eu quero te ver. — E ela abriu. Sentei-me em seu colo, olhei em seus olhos e falei: — Me conta! Seja lá o que for, eu quero que a senhora me conte. — E ela contou. — "Eu acho que o dentista beijou minha boca. Não tenho certeza, mas como fico de boca aberta e olhos fechados quando estou na cadeira do consultório... eu não vi, mas acho que sim, que ele me beijou". — Disse, passando a mão no meu rosto. — E o que a senhora fez? — Perguntei. — Deu um tapa na cara dele e veio embora ou ficou esperando que ele te pedisse desculpas? — "Nem uma coisa e nem outra, filha. Continuei sentada do mesmo jeito, mas de olhos abertos e, como ele não demonstrasse ter feito nada de errado, vim embora assim que terminou a consulta". — Mamãe, deixa isso para lá. Se a senhora não tem certeza, esquece. Troca de dentista e pronto, não se fala mais nisso, combinado? Mamãe concordou. Pelo menos me tomou nos braços, me deu um beijo na testa e, me puxando pelo braço, me levou até a cozinha para ver o bolo que vovó deixou para mim.


13 comentários:

Ester disse...

Me encanta el cariño y la complicidad entre madre e hija, es lo más bonito de todo.
Cuando voy al dentista y me siento le echo mano al "paquete" le miro a los ojos y le digo: ¿A que ninguno de los dos le hará daño al otro? Un abrazuco

Martha Jane Orlando disse...

A bittersweet experience to me sure.
Blessings!

Rosana Martí disse...

En mi caso, yo tenía una complicidad con mi madre muy especial. Y aun ahora que no está conmigo la siento conectada a mi.

Un abrazo!!

Tomás B disse...

Por un momento como creo que te pudo pasar por la mente es que tu madre sufría alguna enfermedad de cierta gravedad. Pero al manifestarte la duda sobre el comportamiento del dentista te diré que coincido con tu recomendación cambiar de dentista.
Como puedes ver te sigo y agradezco que me sigas y te gusten los artículos que sobre lugares de mi país y Portugal que dejo sean de tu agrado.

Saludos.

Miguel Pina disse...

Bonita complicidad entre mujeres.
Me gustó leerte.
Saludos!

El Sentir del Poeta disse...

Amiga, bella complicidad.
Un placer leerte.
Cariños y besos

Greg disse...

Oh my. I like the support that you gave her.

Lucinalva disse...

Bom dia, Rô
A amizade entre mãe e filha é um verdadeiro tesouro, um forte abraço.

Duarte disse...

Uma mãe é tudo e com ela ao máximo. Está bem, gostei desta avenntura muito bem contada.
Abraço de vida

lis disse...

Ah que delícia de texto
Conseguiu fazer ela contar o ocorrido inusitado,
e soube dar um bom conselho risos
Gostei, Rô
Boa mãe, ótima filha!
beijinho

Ana Tapadas disse...

Que história tão dinâmica e bem construída!
Gostei muito.
Beijo

PAULO TAMBURRO. disse...


Oi Rô,

é muita coincidência, explico: Uma ex-namorada minha contou-me exatamente essa mesma história, só que a consulta dela era com um ginecologista, quer dizer...
Deixa pra lá.
Um abração carioca pelo excelente e "provocativo" texto.

sa lluna disse...

Bonita historia. Como una madre no hay nada.

Aferradetes, Rô.

ARREPENDIMENTO.