ELE EXPLICA.

 

Um dos melhores momentos de Freud foi quando disse: "no dia em que um filho perde seu pai, se torna na realidade um homem, precisamente assim". Pena é, segundo o cientista, que um grande achado seja à custa de uma grande perda. Que o senhor me perdoe, doutor, mas não quero ser coisa nenhuma se a pessoa que eu amo tiver que morrer. Tem hora que até me arrependo de ter rido da minha mãe contando coisas engraçadas do meu pai. Meu velho, coitado, depois dos 40 adquiriu algumas manias, tipo, levantar o saco para não sentar em cima dos ovos. Ri muito, não por falar esse tipo de coisa com ela, mas com a cara que mamãe faz falando do pobrezinho. Quando questionado papai teria respondido que essas coisas são normais em homens da sua idades. Ele estava brincando, meu pai não tem idade para isso. O bonito da coisa é que só ela enxerga os defeitos do marido, ao passo que ele, não está nem aí, para os dela, se é que ela os tem. Não me importo com o que um pense do outro se o respeito é notório. Eu não quero, quando a idade chegar, ter os mesmos defeitos que talvez mamãe tenha ou ser rabugenta como ela diz que ele é. Agora, se eu não puder escolher, aceito qualquer coisa, mas, só se for tão honrada quanto eles são, e, que Freud me perdoe, mas não vou perdê-los para me sentir coisa nenhuma.