terça-feira, outubro 29, 2024

"É, PODE SER".

 


    Encontrei um cãozinho em um beco perto de onde aprendo inglês. O estado de abandono nos atormentava a todos, mas, além de mim, ninguém se aproximou. Eu desejava abraçá-lo e beijá-lo, mas, para evitar que sujasse meu uniforme, o mantive afastado de mim. — Vai levar para você? — perguntou uma voz sobre meu ombro. A voz avançou metro e meio e o puxou para o colo — Se não for eu o levo pra mim — falou apertando o bicho ao encontro do peito. — Não, eu não posso levar. — falei me afastando. — Por que, não gosta de pet? — Gosto, é claro que gosto, mas meu pai não quer bicho em casa. Diz que lá, ninguém tem tempo pra esse tipo de vaidade. Eu sei que, se eu insistir, ele acaba aceitando. Mas é melhor não. Sempre que o perturbo com essas coisas, ele põe a mão na minha cabeça e afasta o cabelo da frente dos olhos.
— “Li recentemente em um livro”, é claro que não dá, exceto se eu o alisasse, caso contrário, não rola. — falei.
— Mas… tu quer o bicho pra quê, tu vai cuidar dele? — pergunto enquanto um esfrega o focinho no focinho do outro (talvez quisesse mostrar o dedo do meio).
Tenho dúvidas que vá cuidar, pois, se não cuida de si, dele é que não cuidará mesmo — pensei.
Fico triste quando vejo essas coisas, mas não incomodarei meu pai, de jeito nenhum. Antes de chegar a casa já sei que o encontrarei ao lado da minha mãe fazendo graça pra ela. É o que sempre acontece sempre que os dois estão sós.
Enquanto meu pai divertir minha mãe, eu não me envolvo com homem nenhum. Vai que o comportamento de um difira daquele que vejo diariamente ao lado da minha mãe. Não quero nem sonhar que todos sejam vilões e altivo só meu pai.

6 comentários:

Jovem Jornalista disse...

Belo texto e reflexão.

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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Até mais, Emerson Garcia

Tomás B disse...

En muchas ocasiones vi que padres adquirieron un perro u otro animal al pedírselo sus vástagos y terminan siendo ellos quien lo cuiden. Con esto no pongo en duda tu implicación en su cuidado.

Saludos.

Cidália Ferreira disse...

Há pessoas que vão buscar animais numa certa altura da vida e depois, abandonam! Não se faz.
.
FANTASIEI...
Beijos e uma ótima semana.

Jotabê disse...

A pessoa que tomou o cãozinho de suas mãos me fez pensar em morador de rua.Aqui em BH já vi vários deles com um cão ou até três. O que sempre me chama a atenção é o fidelíssimo comportamento dos animais, que amarrados ou não nunca saem de perto de seus donos. Como se alimentam? Não sei, mas provavelmente recebem atenção e carinho de quem dorme em cima de um papelão.

Pequena con estilo disse...

Un post interesante

Majo Dutra disse...

Fazes bem em muito amar e respeitar o teu pai, mas outra vez (se não estiveres de uniforme e der) salva o bichinho...
Teu pai aprenderá que não é só a tua mãe que precisa de mimos, ficará uma pessoa melhor e mais sábia...
Gostei de te ler, RÔ. Tem uma óptima semana.
Beijo e Abraço.
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