segunda-feira, setembro 02, 2024

O INVASOR

 


      Mesmo chovendo, como estava, minha mãe não devia ter sugerido que o Luiz dormisse lá em casa. Afinal, não era nenhum dilúvio que caia lá fora. Se meu pai não tivesse viajado, duvido que ele permitisse. Luiz é um primo de quem minha mãe gosta muito. Quando era pequena, eu brincava com todo mundo, menos com ele, que já era grande, tipo, 8 anos mais velho. Talvez até brincasse, mas não gosto de garoto abusado e ele era muito abusado. Minha mãe arrumou o quarto para ele antes dela ir se deitar, mas o cara, ao invés de ir para o quarto que ela arrumou, preferiu vir para o meu, perturbar. Começou perguntando o que eu fazia, se ele sabia que eu estava estudando. Eu não o tinha convidado para entrar, mas ele entrou. Entrou e sentou-se na minha cama, coisa que eu odeio. E sem que eu esperasse começou com aquele papo furado para cima de mim. — “Ah, que você é linda. Ah, bem que a gente podia sair de vez em quando”. Esse papinho enjoado que os idiotas costumam usar. Na hora eu pensei em pedir para ele ficar do lado de fora, mas não falei. Não falei, mas devia ter falado. Se falasse talvez não tivesse passado a mão nos meus cabelos, tirado alguma coisa do meu ombro, que ele achava que tinha, e outras coisas que fazem quando estão a sós com a gente. E eu com uma vontade danada de colocá-lo para fora do quarto, mas fiquei na minha, calada, anotando o que eu precisava estudar. Na hora que ele levantou, segurou o meu rosto e tentou me beijar, foi que eu explodi. Botei as mãos na cintura, como faz minha avó e soltei os bichos: — olha aqui, seu miserável. Não tente me tocar outra vez, porque eu chamo minha mãe. Isso se eu não chamar a polícia. E não pensa que eu sou para o seu bico porque eu não sou! E outra coisa; no dia que eu precisar de homem, não será de homem igual a você porque homem, para mim, tem que ser bonito. E ele era. Tem que ser educado. E ele era, e tem que ter emprego que garanta o futuro da gente. E ele tinha também. Homem para mim não pode ser atrevido, mas também não precisa ser bobo. O homem tem que saber respeitar, e você não respeita nem a casa de quem te ajudou nos estudos. Vou aproveitar para dizer o que nunca pensei que fosse preciso; saí já do meu quarto agora senão eu chamo minha mãe!!!  E ele saiu. Saiu e eu não chorei. Nesses casos, eu sempre fico com os olhos molhados, mas dessa vez não. Fiquei foi fedendo de tanta raiva que eu estava sentindo.


7 comentários:

J.P. Alexander disse...

Es terrible sentir eso . Te mando un beso.

Jotabê disse...

Pela idade que você parece ter, seu primo é um abusador sexual.

Ester disse...

Describes uno de esos personajes que con su sola presencia alteran el espacio. lo mejor es echarlos fuera. Un abrazo

Pequena con estilo disse...

Otimo post

Valdelice Nunes disse...

Primo ou não,cada um deve saber respeitar o espaço alheio. E,tantas vezes ficar calada só faz o sujeito achar que tá abafando.
Até qualquer dia Rô!

Jovem Jornalista disse...

Imagino que deva ter sido uma situação constrangedora.

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está em HIATUS DE INVERNO do dia 31 de julho à 05 de setembro, mas comentarei nos blogs amigos nesse período. O JJ, portanto, está cheio de posts legais e interessantes. Não deixe de conferir!

Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia

Tomás B disse...

Creo que reaccionaste como debiste ante un individuo como ese , por lo que tengo que felicitar.

Saludos.