VAI PASSAR. PASSOU.

 

Eu fiquei com um garoto tão ciumento que até me afastava das amigas e dos colegas de classe para vê-lo feliz. No princípio não tinha certeza que pudesse ser fácil, mas eu estava enganada. Não foi tão difícil porque, quando estava com ele, tudo parecia perder a importância. Pena que a gente era muito criança. Eu tinha 13 e ele 16. A gente cresceu um longe do outro. Eu ganhei corpo e tamanho enquanto ele eu não sei. Ficamos dos 13 aos 13 anos e meio um grudadinho no outro, mas acabou. Ele voltou para o canto dele e enquanto eu ficava no meu. Minha mãe disse que mudou com a família para outra cidade, mas, só Deus sabe aonde. E que teria aprendido línguas diferentes e aqui não voltou mais. Só eu não mudei. Continuo a mesma. A mesma cor de cabelo, o mesmo sorriso e ainda cheia de sonhos. Até meu slogan é o mesmo: “Se você me quer bem, eu não quero outra coisa senão ser sua amiga e caso rolar qualquer coisa, deixa que eu desenrolo.” Nunca mais tive tempo para essas coisas, mas valeu a intenção da semente, como fala meu pai. “O amor é assim, benéfico para os poetas e cruel para aqueles que os possuem, e, quando não os mata, cria caminhos para seus pés.”